quarta-feira, 17 de outubro de 2007

16º Corte ( - A lâmina chiou... - )

...e o Porco grunhiu de dor enquanto o cutelo desenhava um sádico sorriso em sua garganta.

Incessantemente sua vida escorreu através do ferimento. Ele se sacudiu todo como um daqueles bonecos de posto de abastecimento. O sangue foi aspergido no ar devido à pressão concentrada na carótida.






O fluído desceu da garganta para uma bacia de metal envelhecido e depois conduzido através de um complexo de calhas e encanamentos ao imenso tanque externo.

O sistema de roldana conduziu o corpo Porco a uma ante-sala, onde um senhor idoso que não tinha a ponta dos quatro dedos da mão esquerda (exceto o polegar) o aguardava. Ele não os possuia mais por certa vez, ter abatido porcos dopado com fenergan, um remédio para alergia.

Esperava ansioso para imergi-lo ainda vivo na água fervente.

Se o objetivo no processo era destruir o cisto entre as fibras musculares do Porco com o calor da água, então não foi alcançado. A fila era grande e muitos outros deviam ser abatidos naquela manhã ainda. Então, para acelerar o processo, o idoso contentou-se em deixar o Porco um terço do tempo previsto dentro da banheira com a água borbulhante.

Por isso, o Porco acabou chegando ainda vivo no processo de esfolamento.

Lá, o pulmão se contraiu pela última vez enquanto sua pele era arrancada do corpo.

Morreu. Sem dúvida.

Mas sua carne ainda não havia passado por todo o processo do sistema de abate. Depois da esfola, foi jogado numa mesa de madeira (que não carecia nada de fungos verdes enterrados entre os orifícios decompostos).



Ligeiramente prensado, o mais compacto possível.

O Porco foi fatiado, embalado e distribuído nas prateleiras frias dos supermercados da grande cidade.

O que fora outrora um Porco feliz. Agora era produto alimentício contaminado...

O cisto permaneceu adormecido, escondido furtivamente no lombo da criatura.

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